quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Chegou, guardou

Foi, arriscou. Deu um passo em frente e entrou.

O que ali sentiu só ela sabe, o que ali viveu ao baú dos afectos recolheu, o que ali aprendeu para si guardou.

Avançou, teimou. Chorou, lutou. Outro passo em frente e continuou, seguiu para junto da luz que inicialmente a ofuscou.

Foi e foi só. Nunca estar só foi tão salutar e nunca estando apenas, se sentiu tão serena e puramente só. Outrora a companhia deixara cravado bem fundo no coração, o selo da agonia que é a solidão.

Chegou. Solitária, rejubilante. Estar consigo mesma devolveu-lhe a energia, conhecer-se outra vez restituiu-lhe a magia. A cor voltou, a vitalidade reconquistou. O tudo-quanto-tinha-para-penar juntou ao tudo-quanto-tinha-para-chorar e ali os enterrou. Cresceu.

Ali aprendeu e se fez mulher. O encanto, não o perdeu. A fantasia em que sempre viveu, permaneceu. Cresceu no fundo para voltar a si, ao que sempre soube ser.

Hoje tem a palavra, com ela agradece. Hoje sente que cumpriu mais do que era seu dever, que foi mais além do que alguém podia querer. Hoje sabe, tal criança engrandecida, que viver é mesmo tão simples quanto querer.

O dia de amanhã, não o pensa, não o quer prever. O dia de hoje, esse faz questão de acolher.


Photo: "Jump" by BB_cide

Obrigada amora silvestre pela inspiração *

2 comentários:

Alexandra & Maria Joao disse...

Mto bem Mariana, é preciso um blog pa mostrares a tua arte :p Gostei mto dos teus textos... Continua a criar, porque a vida sem arte perde a piada ;)
Beijinhos***

José Nuno Ferreira disse...

uma maravilha, sotora :D
gosto mais do anterior, mas tá bem.