quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Minha, tão Tua Luz
Sorri, chorei.
Em ti me deleitei.
Quisera que a minha vida
fosses tu, eterno,
tão incrivelmente belo.
Permiti-me ao enredo,
na doce brandura,
de te amar profundamente,
sabendo pois que era loucura.
Em ti quis alicerçar,
o que de novo fantaseei construir.
Confesso, em ti me amparei.
Embalada, em ti me quedei.
Foi então que chegou,
o tão pressagiado dia
em que tudo findou.
Num instante, em tormento,
destruí o mais alvo sustento
que um dia sonhando concebi.
E no silêncio que ensurdece,
na fúria de alma que enlouquece,
perdi a Paz em ti alcançada.
O Eu deixou de existir,
ao Eu-sem-Ti cedeu bancada.
Abortei.
Não me perdoei.
Mais de mil lágrimas derramei
e passadas as lágrimas chorei,
o choro mais intenso
que algum dia calei.
Porque ninguém pode
nem consegue afigurar,
a dor de uma mãe,
que à inocente semente
só quer dar amor de gente.
Pois no presente,
só ela sabe a verdade:
À Luz negou vida,
a isso, absurdo, o Bem obriga.
E ninguém consegue imaginar
a dor de uma mãe,
que ao deixar de o ser,
não porque lhe convém,
mas porque assim se detém,
se perde a si e ao rebento,
em escondido lamento.
Sim vai continuar,
há-de sempre marginalizar-se.
Sim vai perpetuar,
há-de sempre culpar-se.
Não, não precisa
que a recordem do quão grande
é a mágoa que a consome.
Todos os dias sobrevive,
sem nunca perdoar,
a própria alma que é tão pobre.
Abortou.
Amor presente,
ama incondicionalmente.
Ao espelho se enxerga.
Recorda e repugna.
Opta, o imago expulsa.
Esqueceu a dor, mais tarde diz.
Mas no fundo sabe,
o novo petiz, que nunca
o que sente se evade.
Ainda hoje a mãe não se olha,
agora e sempre o olhar desvia.
mI
Photo: Lullaby by ThisYearsGirl
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2 comentários:
Não, não tenho 1 dor secreta, sim, pensei uma imagem, fiz uma descoberta.
x) beijas*
poeta fingidOra, Assim entras tu no meu mundo, no nosso belo mundo!
As pétalas abrem e lá está o ventre perdido.
Toco-lhe e faço crescer uma vida. Perdida?
O anjo dar-lhe-à vida... Noutra instância,
noutro momento que cresce lento e morre cedo...
É a envolvência da mente ao aconchego da morte.
Tudo renasce, tudo vibra de novo numa tónica limiar!
O medo instala-se.
Não quero recuar, quero envolver a minha vontade
de me abrir para este mundo cruel e imaginário.
Porque não me encontras tu?
O recuo também já não é possível.
O futuro da verdade e da fecundação apenas se dará no culminar da preparação...
Estou preparada... é "a quebra da reproduÇAo"
http://ninadafloresta.blogspot.com/2006_05_01_archive.html
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