segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Um lugar comum



"Olá, o meu nome é Joana e digo piaçaba".
"Olá, o meu nome é Mariana, digo piaçá e limpo a sani".



Sim, eu sei, escusam de repetir. O meu robe é pleno de sensualidade.
Gil, vou tirar-lhe 1 foto para guardares juntinho ao peito.



As velhotas em Gralhas têm bochechas vermelhas logo pela manhã e guardam os burros no jardim.



Os caçadores dão tiros de caçadeira e por vezes chumbadas "debaixo da língua".
Há literalmente mais bois do que as mães, mas quem manda neles são os cães.

Rir, cantar e inventar deveras muito. Gralhas é bonito mas faz "bustelos" de frio lá.

Somos imensamente palhaços, gosto muito de nós.


E esta música dedico-a a nós, em tom jocoso, vá..xP

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Minha, tão Tua Luz


Sorri, chorei.
Em ti me deleitei.
Quisera que a minha vida
fosses tu, eterno,
tão incrivelmente belo.

Permiti-me ao enredo,
na doce brandura,
de te amar profundamente,
sabendo pois que era loucura.

Em ti quis alicerçar,
o que de novo fantaseei construir.
Confesso, em ti me amparei.
Embalada, em ti me quedei.

Foi então que chegou,
o tão pressagiado dia
em que tudo findou.
Num instante, em tormento,
destruí o mais alvo sustento
que um dia sonhando concebi.

E no silêncio que ensurdece,
na fúria de alma que enlouquece,
perdi a Paz em ti alcançada.
O Eu deixou de existir,
ao Eu-sem-Ti cedeu bancada.

Abortei.

Não me perdoei.
Mais de mil lágrimas derramei
e passadas as lágrimas chorei,
o choro mais intenso
que algum dia calei.

Porque ninguém pode
nem consegue afigurar,
a dor de uma mãe,
que à inocente semente
só quer dar amor de gente.
Pois no presente,
só ela sabe a verdade:
À Luz negou vida,
a isso, absurdo, o Bem obriga.

E ninguém consegue imaginar
a dor de uma mãe,
que ao deixar de o ser,
não porque lhe convém,
mas porque assim se detém,
se perde a si e ao rebento,
em escondido lamento.

Sim vai continuar,
há-de sempre marginalizar-se.
Sim vai perpetuar,
há-de sempre culpar-se.
Não, não precisa
que a recordem do quão grande
é a mágoa que a consome.
Todos os dias sobrevive,
sem nunca perdoar,
a própria alma que é tão pobre.

Abortou.
Amor presente,
ama incondicionalmente.
Ao espelho se enxerga.
Recorda e repugna.
Opta, o imago expulsa.

Esqueceu a dor, mais tarde diz.
Mas no fundo sabe,
o novo petiz, que nunca
o que sente se evade.
Ainda hoje a mãe não se olha,
agora e sempre o olhar desvia.


mI

Photo: Lullaby by ThisYearsGirl

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Brandon Boyd

Porque me reconciliei e hoje, só por hoje, não fui duas do mesmo:

Incubus - Aqueous Transmission

"I'm floating down a river
Oars freed from their holes long ago
Lying face up on the floor of my vessel
I marvel at the stars
And feel my heart overflow

Further down the river

Two weeks without my lover
I'm in this boat alone
Floating down a river named emotion
Will I make it back to shore
Or drift into the unknown

Further down the river

I'm building an antenna
Transmissions will be sent when I am through
Maybe we'll meet again further down the river
And share what we both discovered...
Then revel in the view

Further down the river"


Live in Cleveland

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Outra vez, o dia nasce


É cedo, o dia nasce.

Ainda dormindo escuta forte o som que desperta. Recebe com gosto o sabor que despoleta. Acorda nesse instante, a luz incandesce. A alma de manhã está quente, o sorriso aquece.

Sonhou tudo. Acordou, depois de sonhar tudo.

Recebe hoje a ténue brisa que num enlaço une Fantástico e Real. Sente-se neurótica, nunca experimentou nada igual. Jamais olhara tão entoadamente o som, nunca pintando escutara tão nitidamente a cor.

É verdade, hoje acordou e com algo novo se deparou.

Percebeu finalmente em que ponto está. Suspensa sobre esse ponto pende ao acordar. Não se pode inclinar, com cuidada cautela propende ao balancear.

Porque hoje acordou e diz que ama. Palavras bem simples contou. Ainda assim tem medo, receia o abalo de tão sumo embalo.

Vai no entanto em frente, segue firme na corrente. Tem alma e garra de leão, a isso ninguém pode dizer que não. Avança reticente, mas mexe-se, vai para a frente.

Hoje ama. Já não tem medo de dizer. O balanço foi bom, fê-la mover.

Hoje, quer não adormecer. O sonho em que vive é bom, dá prazer.

Ainda hoje sabe que vai dormir e que um outro sonho despertará. Vera vai dormir de que tudo mudará, de que algo destoante por certo harmonizará.

Tarde hoje vai dormir para amanhã bem cedo acordar. Gritar bem alto, para da falta de som, da miragem estridente em redor ilustrada, se libertar. Para que no dia que aí vem se sinta em si, se sinta outra vez bem.

O dia de hoje foi azul.

Da mesma praia conta partir. Azul é fado de novo rumo a seguir.

Sabe que o dia de amanhã com outra cor nascerá. Prometeu-lhe mesmo assim, em todo o seu esplendor, os segredos mais circunspectos continuar a resguardar.

O dia nasce num instante em sussuro e a brisa que é tão leve voa, aflora num segundo. Fantástico e Real encontrar-se-ão uma vez mais. Quem sabe para amanhã a contenda dos casais?


mI

Photo: Warmness of the Soul by EviLxELF

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Amy, venero-te

Amy Whinehouse - You know I'm no Good

"Meet you downstairs in the bar and hurt,
Your rolled up sleeves in your skull t-shirt,
You say “what did you do with him today?”,
And sniffed me out like I was Tanqueray,
’Cause you're my fella, my guy,
Hand me your stella and fly,
By the time I'm out the door,
You tear men down like Roger Moore,

I cheated myself,
Like I knew I would,
I told you I was trouble,
You know that I'm no good,

Upstairs in bed, with my ex boy,
He's in a place, but I can't get joy,
Thinking on you in the final throes,
This is when my buzzer goes,
Run out to meet you, chips and pitta,
You say “when we married”,
'cause you're not bitter,
”There'll be none of him no more,”
I cried for you on the kitchen floor,

I cheated myself,
Like I knew I would,
I told you I was trouble,
You know that I'm no good,

Sweet reunion, Jamaica and Spain,
We're like how we were again,
I'm in the tub, you on the seat,
Lick your lips as I soak my feet,
Then you notice likkle carpet burn,
My stomach drops and my guts churn,
You shrug and it's the worst,
Who truly stuck the knife in first

I cheated myself,
Like I knew I would
I told you I was trouble,
You know that I'm no good,

I cheated myself,
Like I knew I would
I told you I was trouble,
Yeah, you know that I'm no good"


Acoustic Version

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Chegou, guardou

Foi, arriscou. Deu um passo em frente e entrou.

O que ali sentiu só ela sabe, o que ali viveu ao baú dos afectos recolheu, o que ali aprendeu para si guardou.

Avançou, teimou. Chorou, lutou. Outro passo em frente e continuou, seguiu para junto da luz que inicialmente a ofuscou.

Foi e foi só. Nunca estar só foi tão salutar e nunca estando apenas, se sentiu tão serena e puramente só. Outrora a companhia deixara cravado bem fundo no coração, o selo da agonia que é a solidão.

Chegou. Solitária, rejubilante. Estar consigo mesma devolveu-lhe a energia, conhecer-se outra vez restituiu-lhe a magia. A cor voltou, a vitalidade reconquistou. O tudo-quanto-tinha-para-penar juntou ao tudo-quanto-tinha-para-chorar e ali os enterrou. Cresceu.

Ali aprendeu e se fez mulher. O encanto, não o perdeu. A fantasia em que sempre viveu, permaneceu. Cresceu no fundo para voltar a si, ao que sempre soube ser.

Hoje tem a palavra, com ela agradece. Hoje sente que cumpriu mais do que era seu dever, que foi mais além do que alguém podia querer. Hoje sabe, tal criança engrandecida, que viver é mesmo tão simples quanto querer.

O dia de amanhã, não o pensa, não o quer prever. O dia de hoje, esse faz questão de acolher.


Photo: "Jump" by BB_cide

Obrigada amora silvestre pela inspiração *

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Unsedated

My head's so messed up,
it's all so confusing right now.
I wish you were gone,
I wish my thoughts would flow.

I can't even sing the same songs,
I can't even listen to the same songs.
How did you do this to me?
How did it get to this point?

And why did I give my soul away,
when I knew you couldn't be trusted?
And why am I so lame?!
You got me here,
I let you.

My head's so messed up,
I don't know what I want anymore.
I know I don't want you,
I don't want us,
but what is it that I'm looking for?

I have no answers,
Just wish I could sing the same songs
ooooh
Wish I could listen to the same songs.

Now it's just too hard for me.
I think I'll sleep through this phase.
Please keep me sedated,
so that I can't awake.


mI


(p motivos técnicos - vulgo cromice - n consegui adicionar som (é 1 música já ag)..."de maneiras que" temos pena xP)

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Devaneando

De noite vagueio
por ruas escuras.
Na penumbra persigo,
uma silhueta ao fundo.

Olho o Douro, reluzente.
A serenidade da corrente
é fonte de brilho,
de um riso incandescente que não desvanece.
É fonte de quietude,
de uma paz fulgente que em mim permanece.

A alma cedo aquece.
Está perto o amanhecer.

Sigo prestando atenção,
ao despertar que se adivinha.
Cedo nasce, dá-me a mão,
a súbita vontade de sair da linha.
E num devaneio, em plena loucura,
perco a cabeça, sigo na aventura.

A noite já se esconde,
o dia lhe sucede.

E na esperança pouco madura,
de quem pouco da vida percebe,
entrego-me a ti,
Porto cidade,
Tu dás-me o abrigo,
tu dás-me a paz.
Faltam-me soluções.
Deixo-as no entanto para ti,
que és mais capaz.

Quero parar de pensar,
voltar a rir apenas.
Quero perpetuar,
caprichosa e inconsequentemente,
o bel prazer de devanear.


mI



desenho: "devaneios" da Inês.

Obrigada! Mt talento p esses lados ;)

Love Will Tear Us Apart

"When routine bites hard
And ambitions are low.
And resentment rides high
But emotions won't grow.
And we're changing our ways
Taking different roads.

Then love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again.

Why is the bedroom so cold
Turned away on your side?
Is my timing that flawed
Every feeling run so dry?
Yet there's still this appeal
that we've kept through our lives.

And love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again.

Do you cry out in your sleep,
All my failings exposed?
Gets a taste in my mouth
As desperation takes hold.
Why is it something so good
Just can't function no more?

And Love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again.
Love, love will tear us apart again..."


Nouvelle Vague (ft. Eloisa), 2004