Ontem, em conversa com uma italiana, ela disse-me que aprendeu o que era a Saudade em Portugal.
Falámos acerca dessa palavra que para nós, portugueses, é tão comum e ela disse-me que já tinha tentado explicar a amigos e família (que estão em Itália) o seu significado, mas que sentia que eles não tinham conseguido compreender.
Isto deixou-me a pensar.
Será que uma palavra apenas pode definir um estado de alma? Serão mesmo as palavras imprescindíveis para que consigamos sentir?
Há uma linha ténue entre o que sentimos e o que dizemos sentir.
Acredito que não é possível descrever exactamente o sentimento usando palavras.
Acredito que o que sentimos é nosso e só a nós pertence. Não acho possível a partilha total, acho antes vital o sentimento puro que é meu, aquele que não partilho, que guardo em mim e que me dá vida.
Voltando à Saudade, dizer "tenho saudades" e senti-lo de facto são coisas diferentes.
Nesta minha curta existência tenho vindo a entender, aos poucos, o significado das palavras, o nosso significado. Para nós a Saudade existe e sempre existiu. Nunca a questionámos. Usamo-la vezes de mais. Empregamos palavras vezes de mais.
A conversa de ontem fez-me pensar que a Saudade é bem mais do que uma palavra. Uma italiana disse que sentia Saudades de casa e dos seus e eu fingi perceber o que isso significava. Mas a dura verdade é que ela não conhecia a palavra e soube-a assim que a sentiu e eu, que conheço as letras de cor, mal me recordo de as ouvir ecoar em mim.
mI
photo: A Distant Pavilion by MMmleior
Há ainda um longo caminho a percorrer.
2 comentários:
Aconselha-a Agostinho da Silva, um filosofo daqui do Porto que escreveu sobre a Dialéctica da Saudade... livro pequeno e lê-se muito bem
Obrigada, isto da Saudade deixa-me deveras indignada x)
Vou ter a sugestão em conta quando terminar o livro actual ;)
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