És tão fragil. Hoje, numa normal tarde de Verão, saido inocentemente da praia amena, a existência que achavas tua podia ter-se ali ficado.
Gerou-se 1 turbilhão à tua volta. Tu não sentiste.
Naquele momento deixaste de existir, não sentiste pânico nem medo. Paraste simplesmente no tempo. Não perdeste o fôlego, em boa verdade nunca respiraste.
Naquele momento foste tu apenas, nu, completamente nu, reduzido à tua marcada e monótona inconsistência.
O turbilhão acalmou suave. Voltaste.
Olhas à tua volta, mas ainda não vês.
Tens a oportunidade de começar de novo, de te levantares e de gritares bem alto, de estar aqui estando de facto e mais que olhando, vendo, sentindo, guardando, expulsando.
E o que fazes?
Abandomas levemente a nudez da alma e voltas ao conforto que te tanto te acalma.
À rotina juraste fidelidade. É confortável esquecer, é confortável não existir, não ser. Humilde no objectivo final, percorres presunçoso o caminho que se traça à tua frente.
Tinhas obrigação. Tinhas obrigação de ser mais, de sonhar mais alto, de pensar mais além, de existir tão plena e intensamente quão abrangente a existência pode ser.
O que és hoje não chega. Não te enganes, não sentes.
mI

photo: No RIP, by Vladimir Borowicz