Hoje acordei cedo, já cansada, meio ensonada, no fundo um pouco atordoada.
Durante o dia segui, com uma calma angustiante, silenciosa e desgastante, o rumo traçado, deste caminho por mim desenhado.
Durante todo o dia, envolta numa bruma de tons violeta e cinzento, rodopiei em espiral num vazio de emoções, em ritmo agitado, sem nunca perder o equilíbrio, por nunca olhar para o lado.
Estive hoje, durante várias horas, sentada naquela sala.
Várias pessoas entraram, desabafaram, partilharam... Estabeleci uma, duas, vinte relações, mais, breves mas firmes conexões.
Empatia.
E assim corre o dia, elas partilham, dão de si o que sabem e podem, eu ouço e retribuo na moeda empática que é única, dou-lhes um pouco do seu próprio feedback, entrego-as a si mesmas, sinto orgulho na liberdade.
Mas aquelas horas, naquela sala, passo-as a sós. Relaciono-me não me relacionando, frenética e suavemente dançando, sobre a linha marcada que une solidão e empatia.
A companhia é, por vezes, uma ilusão que a alma cria.
Desenhei o meu percurso e usei tinta permanente. Hoje, não consigo evitar, porém, fazer por diluir a escolha. Porque escolher trás responsabilidade e porque nunca ninguém me havia alertado com palavras, para a fatalidade do traço firme que esbocei enquanto a ilusão era jovem.
É nestes momentos que não consigo evitar dizer: gostava de voltar atrás e não escolher, deixar a vida acontecer...
mI
Photo "My heart in my hands" by Larafarie
shining faces, unusual places
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
domingo, 20 de junho de 2010
Falamos amanhã
Quero falar-te, dizer-te tudo o que sinto.
Quero que saibas de mim, quero mostrar-te quem sou. Um dia vou dar-te tudo, vou revelar-te tudo.
Mas hoje não.
Hoje não consigo, nem quero falar.
Hoje sei muito pouco.
Dói.
Não quero pensar, sou indiferente. Não me faças pensar. Chega por hoje.
Hoje não sei nada. Falamos amanhã?
Podemos dançar. Vamos dançar? Hoje danço para ti x)
Queres que cante? Hoje canto para ti x)
Canto e danço sem pensar.
Canto e danço sem vergonha só hoje, enquanto me perco, enquanto estou longe de me encontrar.
Quero falar contigo. Mas só amanhã, hoje ainda não.
Deixemos a música tocar...
Photo: "Music Box Dancer" by blanklives, www.deviantart.com
Quero que saibas de mim, quero mostrar-te quem sou. Um dia vou dar-te tudo, vou revelar-te tudo.
Mas hoje não.
Hoje não consigo, nem quero falar.
Hoje sei muito pouco.
Dói.
Não quero pensar, sou indiferente. Não me faças pensar. Chega por hoje.
Hoje não sei nada. Falamos amanhã?
Podemos dançar. Vamos dançar? Hoje danço para ti x)
Queres que cante? Hoje canto para ti x)
Canto e danço sem pensar.
Canto e danço sem vergonha só hoje, enquanto me perco, enquanto estou longe de me encontrar.
Quero falar contigo. Mas só amanhã, hoje ainda não.
Deixemos a música tocar...
Photo: "Music Box Dancer" by blanklives, www.deviantart.com
terça-feira, 20 de abril de 2010
Casa de Espelhos
Vives numa casa de espelhos.
Vives numa casa com espelhos a toda a volta, todos eles com várias formas e feitios.
Nessa casa, todos os espelhos são diferentes, mas todos sem excepção reflectem a mesma imagem: a tua.
Nessa casa, ainda que faças caras e caretas e aprontes trinta por uma linha, no fim recebes sempre a mesma imagem: a tua.
Aí não podes crescer.
O único ser no qual te deténs és tu mesmo, porque a única reflexão possível é a do teu próprio retrato.
Normalidade, anormalidade, conceitos que integras numa escala, numa gradação feita por ti, à tua medida, onde teimas encaixar-te e aos outros.
Exprimes diversas opiniões, pensas uma série de coisas complicadas acerca do que se passa à tua volta, investes energia para tentar ver o Mundo tal como ele é.
Angulas-te no fundo face a um espelho, dobras e desdobras perspectivas, quando em última instância o Mundo reflectido é sempre o teu, a imagem que vês é sempre a tua.
A porta de tua casa está permanentemente aberta.
Não sais.
Tens medo? Sabes que existe uma porta? Mais, terás tu plena consciência de que estás neste momento preso na tua própria casa, preso dentro de ti mesmo?
Espero-te um dia livre.
Espero-te um dia a apreender o Mundo através de uma imagem que não a tua, espero-te a ouvir os outros não mais escutando apenas o eco da tua própria voz.
Quero ver-te livre.
Quero que quebres uns quantos espelhos, quero que deixes a porta de casa aberta, que saibas como sair e quero, por fim, que aprendas a deixar alguém entrar.
Photo 1. Mielas by Koffk
Photo 2. Reflection by UFOGlassHens
Vives numa casa com espelhos a toda a volta, todos eles com várias formas e feitios.
Nessa casa, todos os espelhos são diferentes, mas todos sem excepção reflectem a mesma imagem: a tua.
Nessa casa, ainda que faças caras e caretas e aprontes trinta por uma linha, no fim recebes sempre a mesma imagem: a tua.
Aí não podes crescer.
O único ser no qual te deténs és tu mesmo, porque a única reflexão possível é a do teu próprio retrato.
Normalidade, anormalidade, conceitos que integras numa escala, numa gradação feita por ti, à tua medida, onde teimas encaixar-te e aos outros.
Exprimes diversas opiniões, pensas uma série de coisas complicadas acerca do que se passa à tua volta, investes energia para tentar ver o Mundo tal como ele é.
Angulas-te no fundo face a um espelho, dobras e desdobras perspectivas, quando em última instância o Mundo reflectido é sempre o teu, a imagem que vês é sempre a tua.
A porta de tua casa está permanentemente aberta.
Não sais.
Tens medo? Sabes que existe uma porta? Mais, terás tu plena consciência de que estás neste momento preso na tua própria casa, preso dentro de ti mesmo?
Espero-te um dia livre.
Espero-te um dia a apreender o Mundo através de uma imagem que não a tua, espero-te a ouvir os outros não mais escutando apenas o eco da tua própria voz.
Quero ver-te livre.
Quero que quebres uns quantos espelhos, quero que deixes a porta de casa aberta, que saibas como sair e quero, por fim, que aprendas a deixar alguém entrar.
Photo 1. Mielas by Koffk
Photo 2. Reflection by UFOGlassHens
sábado, 27 de fevereiro de 2010
A luz falhou
Hoje a luz falhou.
Foram 2 horas apenas de silêncio total.
Durante 2 horas ficaste isolado do Mundo, sem computador, telemóvel, televisão, rádio, em suma, sem qualquer porta de entrada cuja função se viu comprometida pela falta de um bem, hoje, luxuosamente essencial.
Acho piada.
É quase ridiculamente impossível viver sem isto, dá ansiedade não saber o que se passa no Mundo, perder as linhas de comunicação, estar no fundo sozinho por obrigação. Hoje o timing foi péssimo, não havia tempo para o insulamento, não havia quase tempo para respirar, tinhas tanto em que trabalhar...!
Resignaste-te, quase que contrariado, ao silêncio desprotegido da solidão.
Aí paraste para notar que a Paz que o simples silêncio te trás, calmamente despertando a reflexão, carrega consigo um bem-estar tão sereno e intenso que torna inútil qualquer outra linha de comunicação.
Hoje, durante 2 horas, não passaste ao lado de ti mesmo.
Sabes que não foi fácil, foste obrigado, não queres ter de escolher. Aquele livro que vais ler, aquela corrida, aquele piquenique que vais fazer, fazem hoje e sempre parte de um futuro adiado, que passou de próximo a longinquo tão facilmente quão prontamente ligaste o computador assim que a luz voltou.
mI
Photo: Orange by light-from-the-Emirates
Foram 2 horas apenas de silêncio total.
Durante 2 horas ficaste isolado do Mundo, sem computador, telemóvel, televisão, rádio, em suma, sem qualquer porta de entrada cuja função se viu comprometida pela falta de um bem, hoje, luxuosamente essencial.
Acho piada.
É quase ridiculamente impossível viver sem isto, dá ansiedade não saber o que se passa no Mundo, perder as linhas de comunicação, estar no fundo sozinho por obrigação. Hoje o timing foi péssimo, não havia tempo para o insulamento, não havia quase tempo para respirar, tinhas tanto em que trabalhar...!
Resignaste-te, quase que contrariado, ao silêncio desprotegido da solidão.
Aí paraste para notar que a Paz que o simples silêncio te trás, calmamente despertando a reflexão, carrega consigo um bem-estar tão sereno e intenso que torna inútil qualquer outra linha de comunicação.
Hoje, durante 2 horas, não passaste ao lado de ti mesmo.
Sabes que não foi fácil, foste obrigado, não queres ter de escolher. Aquele livro que vais ler, aquela corrida, aquele piquenique que vais fazer, fazem hoje e sempre parte de um futuro adiado, que passou de próximo a longinquo tão facilmente quão prontamente ligaste o computador assim que a luz voltou.
mI
Photo: Orange by light-from-the-Emirates
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Momentos inexistenciais
Existem momentos em que nos emocionamos. Existem também momentos em que existimos apenas e, em condições extremas, momentos em que não sentimos nem tão pouco existimos.
És tão fragil. Hoje, numa normal tarde de Verão, saido inocentemente da praia amena, a existência que achavas tua podia ter-se ali ficado.
Gerou-se 1 turbilhão à tua volta. Tu não sentiste.
Naquele momento deixaste de existir, não sentiste pânico nem medo. Paraste simplesmente no tempo. Não perdeste o fôlego, em boa verdade nunca respiraste.
Naquele momento foste tu apenas, nu, completamente nu, reduzido à tua marcada e monótona inconsistência.
O turbilhão acalmou suave. Voltaste.
Olhas à tua volta, mas ainda não vês.
Tens a oportunidade de começar de novo, de te levantares e de gritares bem alto, de estar aqui estando de facto e mais que olhando, vendo, sentindo, guardando, expulsando.
E o que fazes?
Abandomas levemente a nudez da alma e voltas ao conforto que te tanto te acalma.
À rotina juraste fidelidade. É confortável esquecer, é confortável não existir, não ser. Humilde no objectivo final, percorres presunçoso o caminho que se traça à tua frente.
Tinhas obrigação. Tinhas obrigação de ser mais, de sonhar mais alto, de pensar mais além, de existir tão plena e intensamente quão abrangente a existência pode ser.
O que és hoje não chega. Não te enganes, não sentes.
mI
photo: No RIP, by Vladimir Borowicz
És tão fragil. Hoje, numa normal tarde de Verão, saido inocentemente da praia amena, a existência que achavas tua podia ter-se ali ficado.
Gerou-se 1 turbilhão à tua volta. Tu não sentiste.
Naquele momento deixaste de existir, não sentiste pânico nem medo. Paraste simplesmente no tempo. Não perdeste o fôlego, em boa verdade nunca respiraste.
Naquele momento foste tu apenas, nu, completamente nu, reduzido à tua marcada e monótona inconsistência.
O turbilhão acalmou suave. Voltaste.
Olhas à tua volta, mas ainda não vês.
Tens a oportunidade de começar de novo, de te levantares e de gritares bem alto, de estar aqui estando de facto e mais que olhando, vendo, sentindo, guardando, expulsando.
E o que fazes?
Abandomas levemente a nudez da alma e voltas ao conforto que te tanto te acalma.
À rotina juraste fidelidade. É confortável esquecer, é confortável não existir, não ser. Humilde no objectivo final, percorres presunçoso o caminho que se traça à tua frente.
Tinhas obrigação. Tinhas obrigação de ser mais, de sonhar mais alto, de pensar mais além, de existir tão plena e intensamente quão abrangente a existência pode ser.
O que és hoje não chega. Não te enganes, não sentes.
mI
photo: No RIP, by Vladimir Borowicz
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
Wish you were here
Chegou finalmente a concretização. Mas a satisfação que chega, não fica, pede sempre mais.
Devia estar feliz. Devia parar e estar feliz.
Temo que um dia o "tudo" se junte ao "infinito" e ao "mais além" para nunca as medidas da satisfação preencher. Porque elas crescem, voltam a crescer e esticam mais, puxando e repuxando, sempre exigentes, nunca suficientes.
Tenho medo da emoção. Tenho medo da felicidade, do partir do coração... Tenho medo de ter medo.
Tenho medo e estou só.
Fazes-me falta.
Wish you were here - Pink Floyd
Photo: "Inward" by seventytw0dpi
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Algorítmo dos provérbios
Entre as várias coisas que aprendi no Sub-regional training, não posso deixar de realçar esta:
É muito simples, juntemos a todos os provérbios os apêndices "debaixo dos lençóis" e "entre as pernas".
Exemplificando:
Quem te avisa "debaixo dos lençóis" teu amigo é "entre as pernas".
Perceberam a ideia?
Agora tentem com os seguintes:
Não há fumo sem fogo.
Mai vale tarde que nunca.
Quem não tem cão, caça com gato.
Deitar cedo e cedo erguer, dá saúde de faz crescer.
E mais hardcore:
Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
Em casa de ferreiro, espeto de pau.
LOL
Ok ok, não ou dizer mais! Já chega.
Este post tem o intuito de deixar formalmente registado que este é o melhor e o mais genial algorítmo da história dos provérbios! Resulta com TUDO.
É muito simples, juntemos a todos os provérbios os apêndices "debaixo dos lençóis" e "entre as pernas".
Exemplificando:
Quem te avisa "debaixo dos lençóis" teu amigo é "entre as pernas".
Perceberam a ideia?
Agora tentem com os seguintes:
Não há fumo sem fogo.
Mai vale tarde que nunca.
Quem não tem cão, caça com gato.
Deitar cedo e cedo erguer, dá saúde de faz crescer.
E mais hardcore:
Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
Em casa de ferreiro, espeto de pau.
LOL
Ok ok, não ou dizer mais! Já chega.
Este post tem o intuito de deixar formalmente registado que este é o melhor e o mais genial algorítmo da história dos provérbios! Resulta com TUDO.
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